Aquele momento ansiosamente esperado finalmente aproximava-se. A cada passo minha respiração tornava-se mais ofegante. À minha volta todos estavam alheios ao meu drama.
Desta vez eu teria que ser rápida, minha vida e a de tantos dependiam desse momento...
"Próximo!" a voz de uma jovem apressada finalmente dissipou minhas simulações.
Esta era a deixa! Eu teria que ser rápida e discreta.
Meus batimentos cardíacos aceleravam-se conforme os apitos sinalizavam que mais um item estava sendo registrado.
"Esta é esperta! Eu não posso me descuidar!" Pensava eu enquanto acompanhava ágeis gestos. O último apito soou e velozmente saquei um objeto metálico da minha bolsa, apontando-o enquanto anunciava minha intenção.
Entretanto, mais rápido que uma bala, ela me pegou.
Aflita, mas determinada, insisti e ela, atordoada, obedeceu-me meio relutante.
As pessoas em volta assitiam sem compreender: alguns com revolta, outros com desprezo, alguns com medo e outros com piedade.
Não me incomodei de ter sido taxada de louca, fresca ou chata pelos apressados da fila, mas retirei minhas compras das sacolas plásticas e as coloquei na minha ecobag.
Diariamente passo por situações parecidas e mesmo que eu peça à tempo para não ensacarem minhas compras, foram anos de condicionamento operante dos caixas - quase todos são automáticos!
De todos os lugares que tenho feito compras, os mercados têm sido os únicos onde posso não ensacá-las sem sofrer qualquer tipo de pressão social.
Eu imaginava que um gesto tão simples pudesse passar desapercebido. Entretanto, estamos nos tempos modernos: o do automatismo humano onde uma pequena não conformidade interfere em toda linha de produção.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
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Oi Ana, td bem??? Vim fazer-lhe uma visitinha.
ResponderExcluirAdorei seu blog e esta história.... Realmente sei o q é isso...eu chamo de luta corporal entre nós é os empacatodares..rs
Vamos trocando informçoes, ok????
Me escreva qdo quiser...
Ecoabraços,
Erica Sena/ Pensar Eco